Textos para trabalhar nomes e substantivos

Textos para trabalhar SUBSTANTIVO

 

1º - A terra sem nome

Era uma vez uma coisa onde as coisas não tinham nome. E tudo o que se dizia era uma coisa só.  Quando se ia à coisa em que se compram coisas, veja só que coisa:

— Oi seu fulano! Me dá aquela coisa.

— Qual coisa?

— Aquela coisa que a gente serve para usar a coisa.

— Tem tanta coisa que a gente usa, que coisa você quer?

— Aquela!

— Mas, tem tanta coisa ali!!

— Aquela coisa, que tá junto daquela outra coisa, entre aquela coisa e aquela outra coisa!!!

— Ihh... não tô entendendo coisa nenhuma!!!

— Posso ir lá pegar a coisa?

— É... pode...

— É essa coisa aqui, ó!!

— Ah!! Eu achei que era a outra coisa!

— Quanto custa?

— R$ 2,45.

— Obrigada!

 Se você achou uma coisa de louco, imagina só tentar chamar alguém...

Numa tranquila tarde, senhoras reunidas para um chá:

—    Ô senhora!

—    Quem? Eu?

—    Não! A senhora ali!

—    A ta, eu?

—    Não! Ela!

—    Eu?

—    Eu?!

—    Eu?

—    Não, a senhora!

Um dia, resolveram dar nomes às coisas e cada coisa passou a ter sua identidade, não só as coisas, mas também as pessoas, animais, seres em geral. E a coisa onde as coisas não tinham nome passou a se chamar lugar e aquela coisa onde se compravam coisas ficou conhecida como mercado e as senhoras que tomavam chá passaram a se chamar Maria, Joana, Fátima, Sara...

O que eu ainda não descobri é o nome daquela coisa que serve para usar a coisa! Você sabe o que é? Então me diz porque eu não aguento mais essa curiosidade!!!

Autora: Mel Costa Disponível em https://educartrsforma.blogspot.com.br/2011/03/tabalhando-gramatica-de-forma-reflexiva.html

- O texto possibilita a compreensão da importância da classe gramatical em estudo. É interessante promover uma leitura dramatizada. Em seguida, pode-se propor uma brincadeira em que cada aluno receba um nome ou imagem de um substantivo e os demais deverão tentar advinhar. Pode-se, por exemplo, sugerir que façam de três a cinco perguntas ao aluno de quem se quer adivinhar o substantivo. As perguntas devem ser elaboradas oralmente, de maneira que se possa responder apenas "sim" ou "não". Finalizadas as perguntas, os alunos teriam três chances para advinhar o substantivo. Caso já tenham noção das classificações do substantivo, poderão usar também esses conhecimentos nas perguntas (Exemplos de perguntas: É concreto? É composto? Usa-se na cozinha? Custa caro? A gente sente? etc.)

 

2º texto - Circuito fechado

Ricardo Ramos


     Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, telefone, agenda, copo com lápis, caneta, blocos de notas, espátula, pastas, caixa de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo. xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.

 

 

- O texto, todo construído com substantivos, apresenta bastante coerência e possibilita diferentes abordagens.

- Pode-se selecionar as duas primeiras frases e pedir que os alunos acrescentem artigos e adjetivos, por exemplo;

- Pode-se selecionar alguma (s) frase (s) e pedir que sejam acrescentados verbos e advérbios;

- Pode-se, ainda, apresentar alguns contextos para que os alunos escrevam uma sequência de substantivos que remetam a uma sequência lógica de acontecimentos. Exemplos: Uma pescaria, um passeio ao zoológico, nascimento, namoro, primeiro emprego, etc.

 

NOVO:

1. Considerando que Texto é um conjunto de palavras e frases encadeadas que permitem interpretação e transmitem uma mensagem, podemos afirmar que “Circuito fechado” é um texto? Justifique.

2.  À primeira vista, “Circuito fechado” parece se limitar a uma simples enumeração de palavras. Em uma leitura mais atenta, entretanto, percebe-se que elas estão relacionadas pelo sentido e que formam uma história. Qual é o enredo desse conto?

3. Apesar de não haver uma apresentação direta do personagem, o que é possível inferir sobre ele? A partir de que elementos?

4. O texto que você leu é constituído principalmente por palavras pertencentes a uma mesma classe gramatical. Qual é essa classe? Qual sua definição?

5. Em alguns momentos, o autor se vale de adjetivos ou locuções adjetivas para caracterizar ou qualificar substantivos. Qual o primeiro adjetivo e qual a primeira locução adjetiva apresentados e que substantivo é por eles caracterizado?

6. Em geral, verbos, advérbios e locuções adverbiais constroem a sequência temporal de uma narrativa. Nesse conto, o

autor  não utilizou esse recurso, porém é possível perceber a sequência cronológica dos fatos. Explique.

7. Reescreva as primeiras quatro frases do texto utilizando o foco narrativo na primeira pessoa do singular e acrescentando verbos que indiquem as ações realizadas pelo personagem.

8. Reescreva a frase seguinte (5ª frase) acrescentando verbos e advérbios utilizando o foco narrativo na 3ª pessoa.

9. Reescreva a última frase caracterizando os substantivos com adjetivos ou locuções adjetivas, sem prejudicar a compreensão do texto. Não acrescente nenhuma outra classe de palavra.

10. Leia o verbete e depois responda à questão final:

 

Circuito

[Do lat. Circuitu]

Substantivo masculino

1. Contorno, periferia, circunferência.

2. Linha que limita qualquer área fechada; perímetro.

3. O que circunda; cinto, cerco, cerca: (…)

4. Giro, volta: (…)

5. V. circuito de palavras (…)

(Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Eletrônico – versão 5.0)

 

Com base na leitura do texto e no verbete, explique o título “Circuito fechado”.

https://pvscampos.wordpress.com/2012/05/10/exercicios-sobre-pratica-de-leitura-e-coesao/

https://edinanarede.webnode.com.br/products/textos-para-trabalhar-nomes-e-substantivos/

 

  - Duas dúzias de coisinhas à toa que deixam a gente feliz

 

 

 

 

 

 

 

 

Passarinho na janela, pijama de flanela, brigadeiro de panela.

Gato andando no telhado, cheirinho de mato molhado, disco antigo sem chiado. 

Pão quentinho de manhã, dropes de hortelã, grito do Tarzan.

Tirar a sorte no osso, jogar pedrinha no poço, um cachecol no pescoço.

Papagaio que conversa, pisar em tapete persa, eu te amo e vice-versa.

Vaga-lume aceso na mão, dias quentes de verão, descer pelo corrimão.

Almoço de domingo, revoada de flamingo, herói que fuma cachimbo.

Anãozinho de jardim, lacinho de cetim, terminar o livro assim.

                                                                                                                                  Otávio Roth

 

- Sugestão: Antes da leitura do poema, o professor pode pedir a cada aluno diga algo simples que o deixa feliz. Se for o primeiro dia de aula, o aluno poderá antes se apresentar.

- Em seguida, o professor poderá analisar alguns aspectos do poema. Nos três primeiros versos, por exemplo, percebe-se que o autor construiu o poema em torno de substantivos. Há algumas locuções adjetivas (de flanela, de panela, de mato molhado, sem chiado, de hortelã, do Tarzan) e adverbiais (na janela, de manhã) que caracterizam ou localizam os substantivos que, segundo o poema, deixam o eu-lírico feliz. Isso se mantém ao longo de todo o poema, e em alguns versos, o autor apresenta ações simples que também lhe trariam felicidade, utilizando-se de verbos no infinitivo e objetos diretos (Tirar a sorte no osso, jogar pedrinha no poço, pisar em tapete persa, etc.)

- Vale observar que em cada verso há três elementos principais e que a rima se dá dentro de cada verso (rimas internas). Outro detalhe relevante é que cada elemento do verso é independente, ou seja, são três elementos distintos, não há uma ligação ou continuidade entre eles.

- Por fim, pode-se pedir que os alunos criem - individualmente ou em dupla - um verso com uma coisinha simples que traz felicidade. Devem estar atentos para manter a estrutura do poema original. Depois, o professor pode escrever os versos criados no quadro, para que o grupo analise, altere, aperfeiçoe, até que possam considerar o poema finalizado. Então, pode-se confeccionar um cartaz ou até mesmo publicar o texto coletivo em um blog ou rede social.

 

2º - Cornita (Crônica)

- Pai, o que é cornita?
- Como é que se escreve?
- Ce, o, erre, ene, i, te, a.
O pai pensou um pouco. Não podia dizer que não sabia. O garo­to há muito descobrira que o pai não era o homem mais forte do mundo. Precisava mostrar que, pelo menos, não era dos mais burros. Perguntou como é que a palavra estava usada.
- Aqui diz, “a cornita da igreja...” - respondeu o garoto.
- Ah, esse tipo de cornita. É um ornamento, na forma de corno, que fica do lado do altar.
- Pra que que serve?
- Pra, ahn, nada. É um símbolo.
- Ah.

- Pai, usei “cornita” numa redação e a professora disse que a palavra não existe.
- O quê? Mas que professora é essa?
- Ela diz que nunca ouviu falar.
- Pois diga para ela que “cornita”, embora não faça mais parte da arquitetura canônica, era muito usada nas igrejas medievais.
-Tá.

- Pai, a professora continua dizendo que “cornita” não existe. E diz que também não se diz “arquitetura canônica”.
- Preciso ter uma conversa com essa professora. Essa edu­cação de hoje...

- Não quero discutir com a senhora. Mas também não quero ver meu filho duvidando do próprio pai. Para começar, minha senhora, aqui está o livro que meu filho estava lendo. E aqui está a palavra. “Cornita”.
- Deixe eu ver. Obviamente, era para ser “cornija”. É um erro de imprensa.
- O quê?
- Um erro de revisão. “Cornija”. Ornamentação muito usada na arquitetura antiga. “Cornita” não existe.
- Pai, vamos pra casa... .
- Um momentinho. Um momentinho! Claro que eu sei o que é “cornija”. Mas existem as duas palavras. “Cornija” e “cornita”. Duas coisas completamente diferentes.
- Então me mostre “cornita” no dicionário.
- Ora, no dicionário. E a senhora ainda confia nos nossos dicionários?
- Pai, vamos embora...

- O que é isto, pai?
- Um pequeno tratado que fiz para a sua professora, aquela mula, ler. Dezessete páginas. Pouca coisa. Nele, traço desde a origem etimológica da palavra “cornita”, no sânscrito, até a sua sim­bologia no ritual da Igreja antes do concílio de Trento, incluindo o número de vezes em que o termo aparece na obra de Vouchard de Mesquieu sobre a arquitetura canônica. E sublinhei “arquitetura canônica”, para a mula aprender a jamais desmentir um pai.
- Certo, pai.

- Pai....
- O que é?
- A professora leu o seu tratado.
- E então?
- Mandou pedir desculpas. Diz que o senhor é um homem muito etudito.
- Erudito.
- Erudito. Mandou pedir desculpas. A burra era ela.
- Está bem, meu filho. Pelo menos agora ela sabe com quem está tratando.
Valera a pena. Valera até as noites perdidas inventando os dados do tratado. Sabia que acabaria convencendo a mulher com um ataque maciço de erudição, mesmo falsa. Vouchard de Mesquieu. Aquele fora o golpe de mestre. Vouchard de Mesquieu. Perdera uma hora só para encontrar o nome certo. Mas estava redimido.

Luis Fernando Veríssimo

 

- Adoro esse texto! Encenei junto com alunos do ensino noturno e foi muito legal! É um texto interessante para introduzir o estudo do substantivo. Além disso, permite um interessante debate sobre como aceitar que não sabemos de tudo ou sobre como o domínio da palavra e o poder do convencimento podem ser definitivos para convencermos o receptor de nossa mensagem.

 

Texto Marcelo, Marmelo, Martelo

 

Avaliação com os textos O nome da gente, de Pedro Bandeira, e Gente tem sobrenome, Toquinho.


 

 

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